quinta-feira, 19 de maio de 2011

Eu passarim


Veio o amor se achegando
serenando decidido
foi brincando, se ajeitando
sem mostrar seu estampido
começou abrir caminho
porque me achou sozinho
sutilmente se aninhou
só falou vai ser assim:
Você fulô, eu passarim...


Trouxe então pra minha vida
A certeza da canção
Já trazia a despedida,
escondida em sua mão
preparou o seu roçado
deixou todo semeado
e cantando desenhou
A luz do teu zoim
no verde do capim
te desenhou fulô, eu passarim



Sereno e tão sagrado
O amor me pôs na voz, uma alegria
Me disse condenado
Ao pão da solidão e da poesia
O amor nada negou nem jurou nada
Apenas me entregou a madrugada
E do tanto que plantou
Eu só colhi a dor do ispim
Você pra ser fulô, eu passarim


Marcou-me o coração
A ferro e fogo e fez-me desejar
Cortar o seu ferrão
e do debruço do soluço me atirar
pra só assim poder fugir
enfim ao seu encanto
aprendendo renascer no sal do pranto
Mas o amor, sorrindo me mostrou
Que a vida inteira passaria em mim
Você minha fulô, eu passarim.

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