Antiacalanto
A noite caminha
sob a salmoura das pedras.
E nas águas
encaliçadas que vigiam
os espectros dos homens,
passam as caravanas
descascadas das ventanias.
A fome
engilha seu bigode
sob a carne das lombrigas.
Abriga em seu úbere o sal das buganvílias
também estorricadas pela poeira dos caminhos.
No chão calcáreo, os vestígios da morte
asssobiam palavras sem usos,
que esqueceram seu genoma
nos ossos da metáfora.
Não se vêem tropeiros
assoletrando seus dialetos
nas tardes espoliadas.
Nos grotões, flutuam as burras emplumadas
pela memória dos cascos areentos.
Os pássaros roem
o anoitecer
e constroem
uma flama infatigável
que engravida
que engravida
as casas abandonadas.
Obra fantástica.
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