terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Elegia


Não há velhice no poema.
Nem saudade, nem amor adiado,
Sonho incendiado,
Verso traído por alguma palavra ilusória.


No poema as águas da vida agitam seus cabelos
E adormecem.


O sono no poema é tinta nova,
Lua acesa no estômago,
Atalho para se chegar a um silêncio voluntário.


Minha face tua face
Caminham sobre um solo indolor.

E ainda não aprenderam a solidão da carne,
Nos exílios.

Mesmo assim,
no poema que faço agora,
Não concilio achado algum
Com a neblina que me impede a realidade.

Comigo, a cada novo instante,
é que me torno companheiro da vida
Que me arde no osso caleijado.
Enfezo


A vida armou seu golpe sobre
Aminha carne.


Só depois o tempo anunciou
Que o sonho seria
desenhado nos
pruridos infectados de
um poema.
Prefácio

chego da noite evadida dos punhais.
A morte se posta diante de meu sonho
Prematura
e sem palavra.

Em nenhum verso encontro
A alma desse esquecimento
Transfigurado.

A eletricidade a vida o assomo

em medo convertidos,
Agora dançam sem termo
Na tristeza da água do esgoto.

poema ( I)


Cedo
retornei ao pó de meus versos
Sem
presságio.
havia uma nódoa acesa sobre a pele das palavras.


E deus,
Brincava
nos cabelos das sombras
Que
devoravam a ardilosa
Chama
do amor sem endereço.

terça-feira, 24 de maio de 2011

 ( Mínimo acorde)



Não enfretarei o mundo 
sem a presença de minha sombra.

Embora pareça triste, 
apresso-me pelo encanto 
do sal surpreso
pelo sabor do vinho.

Izento-me do medo 
da geografia da palavra .
no limite de meus versos
ardem ainda 
as plumas do amanhã 
incendiado.



Genoma de Passarim
                                             
Desde menino meu canto
Tem no faro, uma flor
Que abroiou por encanto
Na lira dos cantador
Rima de rama morena
 Que até parece que pena
 Por toda sorte de dor
 Igual, que nem desenhada
 Por um milagre, plantada
No coração do amor.


É canto, que em seu tear
Afina o fio da rede
No assobio do alguidar
No armador da parede
Cantiga , que se imbalança
Acalentando a esperança
Pra ver o tempo florir
Vai mansamente espalhando
O som do sonho chegando
 Pro sono querer dormir.

De cantar, o meu destino
Madurou, florou no grão
Se endoidou, de menino
Pra crescer sem solidão
É pra cantar que eu vivo
E só cantando cultivo
Frutos que não tem ispim
Semeio o chão de beleza
Pois Deus me deu concerteza
Genoma de Passarim.



Noite pastorada
 
 
Na velhice
das metáforas
chega essa noite.
 
Em seu úbere sem idioma,
A lenda eterniza
a raiz de uma velha
Sombra esclerosada.
 
No chão
as pedras  confabulam
a criação de um longo cemitério de  magrezas.
 
Há rezas
sendo recitadas
em vão, nos casarios.
 
Uma fome come as tripas da  tarde
Que já  se desfia sem ternura
Sob o solo de envelhecidas
mãos desenganadas.