Elegia
Não há velhice no poema.
Nem saudade, nem amor adiado,
Sonho incendiado,
Verso traído por alguma palavra ilusória.
No poema as águas da vida agitam seus cabelos
E adormecem.
O sono no poema é tinta nova,
Lua acesa no estômago,
Atalho para se chegar a um silêncio voluntário.
Minha face tua face
Caminham sobre um solo indolor.
E ainda não aprenderam a solidão da carne,
Nos exílios.
Mesmo assim,
no poema que faço agora,
Não concilio achado algum
Com a neblina que me impede a realidade.
Comigo, a cada novo instante,
é que me torno companheiro da vida
Que me arde no osso caleijado.
Chão de Caliça
Um chão de Caliça, é quando da palavra o estro diluído dentre flerpas de silêncios e cacos de lembranças. É quando do poema semeado sem sombra, sobre as mutilações da alma. Um Chão de Caliça é quando se precisa do canto para fazer mais ácida a salmoura da solidão esquecida na carne de um verso encabestrado.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
terça-feira, 24 de maio de 2011
Genoma de Passarim
Desde menino meu canto
Tem no faro, uma flor
Que abroiou por encanto
Na lira dos cantador
Rima de rama morena
Que até parece que pena
Por toda sorte de dor
Igual, que nem desenhada
Por um milagre, plantada
No coração do amor.
É canto, que em seu tear
Afina o fio da rede
No assobio do alguidar
No armador da parede
Cantiga , que se imbalança
Acalentando a esperança
Pra ver o tempo florir
Vai mansamente espalhando
O som do sonho chegando
Pro sono querer dormir.
De cantar, o meu destino
Madurou, florou no grão
Se endoidou, de menino
Pra crescer sem solidão
É pra cantar que eu vivo
E só cantando cultivo
Frutos que não tem ispim
Semeio o chão de beleza
Pois Deus me deu concerteza
Genoma de Passarim.
Noite pastorada
Na velhice
das metáforas
chega essa noite.
Em seu úbere sem idioma,
A lenda eterniza
a raiz de uma velha
Sombra esclerosada.
No chão
as pedras confabulam
a criação de um longo cemitério de magrezas.
a criação de um longo cemitério de magrezas.
Há rezas
sendo recitadas
em vão, nos casarios.
Uma fome come as tripas da tarde
Que já se desfia sem ternura
Sob o solo de envelhecidas
mãos desenganadas.
Assinar:
Postagens (Atom)